sábado, 15 de maio de 2010

Falar em público

Como falar bem em público

1. Preparação

• Planeje a apresentação:
• Objetivo.
• Resultados esperados.
• Público-alvo.
• Temas a serem abordados.
• Tempo necessário X disponível.
• Local e recursos.
• Organize o conteúdo:
• Introdução.
• Desenvolvimento.
• Fechamento.
• Ensaie com antecedência.
• Estabeleça o plano de aula.
• Não fale de improviso.
• Chegue ao local com antecedência.
• Cheque os recursos e instalações.



2. Recursos

• O roteiro deve ser entregue no início da apresentação.
• A utilização dos recursos pode ser individual ou conjugada.
• Os recursos são:
• Quadro branco.
• Flipchart.
• Transparências.
• Projetor multimídia.
• Vídeo, CD ou DVD.
• Procure não ficar na frente do quadro branco, flipchart, tela, etc.


3. Condução

• Levante as expectativas dos participantes.
• Use linguagem simples e concisa.
• Demonstre confiança e entusiasmo.
• Conquiste a platéia estimulando sua participação.
• Movimente-se em sala de forma moderada.
• Cuidado ao rotular as pessoas.
• Mude a impostação e a velocidade da voz.
• Olhe para os participantes.
• Dê exemplos práticos e analogias.
• Interaja com os participantes.
• Mostre-se aberto a contribuições.
• Estimule a participação.

4. Avaliação
• Depois de terminada a apresentação e de estar mais calmo, analise sua performance.
• Peça a um amigo que opine sinceramente sobre como foi a apresentação.
• Tente perceber qual o aspecto da apresentação em que esteve pior para que possa melhorar na próxima vez.
• Se o problema foi a voz ou a postura, então faça um ensaio mais intenso;
• Se o problema foi o envio da mensagem, então escreva notas e faça uso das mesmas durante a apresentação.

5. Dicas importantes para o sucesso da sua apresentação

O que fazer:

• Ouvir o que o integrante do grupo está dizendo!
• Repita em outras palavras o que foi dito para se certificar de que sua compreensão está correta.
• Respeitar os outros!
• Respeite os outros, mesmo que você não partilhe dos seus objetivos, valores, opiniões, etc.
• Valorizar as diferenças!
• Abrace a idéia de que a organização é feita de diferentes pessoas com diferentes pontos de vista.
• Compartilhar seu conhecimento e experiência!
• Use seu conhecimento para ajudar os funcionários a compreender os detalhes do processo ou acessar os recursos necessários.
• Ser Honesto!
• Responda a todas as questões que puder, de forma objetiva e franca.
• Identificar o por que da comunicação:
• Por que você está se comunicando com o grupo?
• Qual é o resultado que esperado?
• Veja algumas razões típicas:
• • Melhorar o entendimento de um determinado assunto.
• • Mudar um comportamento ou atitude.
• • Dar oportunidades de troca de idéias.
• • Estimular o apoio e a participação das pessoas.

O que não fazer:

• Não reagir antes de ouvir!
• Não tente responder a uma questão antes de estar certo de ter compreendido os pontos de vista dos envolvidos.
• Não desvalorizar as percepções dos outros!
• Não torne triviais os pontos de vistas dos outros, nem diga que os valores deles não são importantes.
• Não desencorajar ou suprimir as diferenças!
• Não desencoraje as pessoas a compreender as diferenças entre elas.
• Não ser um expert!
• Não se apresente como um expert no assunto se você não está certo sobre todos os detalhes técnicos.
• Não inverter as respostas!
• Se você não souber a resposta, melhor admitir e procurar se informar a respeito.

70 anos

INSTANTES


Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser perfeito; relaxaria mais.
Seria mais tolo do que tenho sido; na verdade,
bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilhas,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente
cada minuto de sua vida; claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabes, disso é feita a vida, só de momentos,
não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas;
se eu voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço
no começo da primavera, e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vida pela frente.
Mas vejam, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo...

Se eu pudesse viver novamente a minha vida...
Quando o li pela primeira vez, fiquei comovido. Era uma mistura de sabedoria e tristeza. Seu título era Instantes e começava assim: "Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros... Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres.." E ia assim, parágrafo após parágrafo, listando coisas que haviam sido feitas e que não deveriam ter sido feitas, e coisas que não haviam sido feitas e que deveriam ter sido feitas. Até o final melancólico: "Mas, já viram, tenho oitenta e cinco anos, e sei que estou morrendo..." O texto era uma advertência aos mais moços: só temos o momento. Não percam o agora.
Estou a ponto de "desfazer" 70 anos, muito embora os distraídos insistam em usar o verbo "fazer". O fato é que a celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, não mais existe. Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá. Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festas de aniversário. Se uma vela acesa é símbolo de vida, uma vez apagada ela se torna símbolo de morte. O que não entendo é a razão pela qual os participantes, diante das velas apagadas, se ponham a bater palmas e a rir, quando o certo seria que chorassem. Eu prefiro um ritual mais alegre: acender uma vela bem grande, como um bruxedo de invocação dos anos ainda não nascidos cujo número não sei!
Os números redondos, creio que por razões estéticas, são mais poderosos que os números quebrados. Ninguém acharia nada de extraordinário com o número 7.073.565 da sua carteira de identidade. Mas se o número for 5.000.000 isso será razão para as mais fantásticas conjecturas. Assim, ao ensejo do número redondo "70", pensei em fazer um documento parecido com o Instantes, confessando erros e dando conselhos aos mais jovens. Mas desisti. E isso porque "se eu pudesse viver de novo a minha vida", eu quereria vivê-la do jeito mesmo como a vivi, com seus desenganos, fracassos e equívocos.
Doidice? Imaginem que eu estivesse infeliz. Eu teria então todas as razões para voltar atrás e tentar consertar os lugares onde errei. Mas eu não estou infeliz. Vivo um crepúsculo bonito, com a suíte n. 1 de Bach, para violoncelo. Se houve sofrimentos no caminho, imagino que, se não os tivesse tido, talvez a suíte n. 1 de Bach não estivesse sendo ouvida. Estou onde estou pelos caminhos e descaminhos que percorri.
Faz muitos anos, nos tempos em que eu era ainda professor da Unicamp, um aluno que eu não conhecia telefonou-me dizendo que precisava falar comigo. Marcamos um encontro na minha casa. Ele chegou, abriu um caderno, e começou a fazer-me perguntas. A primeira pergunta - que abordou todas as outras - foi a seguinte: "Como é que o senhor planejou a sua vida para que chegasse aonde chegou?" Percebi logo. Ele me admirava. Queria ser como eu. Queria que eu lhe contasse o segredo. Que lhe revelasse o caminho. Mas minha resposta pôs a perder as suas expectativas. Foi isso que eu lhe disse: "Eu estou onde estou porque todos os meus planos deram errado." Isso é absolutamente verdadeiro.
As pontes que eu construía para chegar aonde eu queria ruíam uma após a outra. Eu era então obrigado a procurar caminhos não pensados. E aconteceu por vezes que nem mesmo segui, por vontade própria, os caminhos alternativos à minha frente. Escorreguei. A vida me empurrou. Fui literalmente obrigado a fazer o que não queria.
Por exemplo: meu pai, homem muito rico, foi à falência. Ficou pobre. Teve de mudar de cidade para começar vida nova. Se isso não tivesse acontecido, é provável que hoje eu fosse um rico fazendeiro guiando uma F 1000 e contabilizando cabeças de gado. Quando me mudei para o Rio de Janeiro, aos doze anos de idade, menino do interior de Minas com um sotaque caipira, fui objeto de zombarias e chacotas. Nunca me senti tão sozinho. Nunca fui convidado a ir à casa de um colega e nunca tive coragem para convidar um colega para ir à minha casa. Sofri a dor da solidão e da rejeição.
Mas foi esse espaço de solidão na minha alma que me fez pensar coisas que doutra forma eu não teria pensado. Lutei muito para ser pianista. Trabalhei duro, horas e horas por dia. Se tivesse dado certo, eu seria hoje um pianista medíocre. Pianista bom não precisa fazer força. É dom de Deus, como é o caso do Nelson Freire. A diferença entre nós é que, enquanto eu tentava colocar dentro de mim um piano que estava fora, o problema do Nelson era colocar para fora um piano que morava dentro dele desde o nascimento. Para mim, o piano nunca passaria de uma prótese. Mas, para o Nelson, o piano é uma expansão do seu corpo. Foi preciso que eu fracassasse como pianista para que o escritor que morava dentro de mim aparecesse.
Assim, comecei a fazer música com palavras, acho que com a mesma facilidade com que o Nelson toca piano. Fui pastor protestante e é provável que, se tudo tivesse acontecido nos conformes, eu hoje fosse um clérigo velho. Mas veio o golpe militar, fui acusado de subversivo pelas zelosas e bondosas autoridades da Igreja... Tive de me mudar para os Estados Unidos com a minha família - o que foi ótimo para todos nós. Fiz meu doutoramento, fiz amigos novos, viajei, conheci lugares, acampei, tive tempo para ler e pensar.
Cheguei onde estou por caminhos que não planejei. É um lugar feliz com o qual nunca sonhei. Nunca me passou pela idéia que eu viria a ser escritor. E, em especial, que escreveria estórias para crianças - e que as crianças as amariam (e me amariam por causa delas...). Tanto assim que não me preparei para o ofício. Sou ruim em gramática, erro a acentuação. E há mesmo uma pessoa que se dedicava a escrever-me longas cartas para corrigir meu português. Parou de escrever. Acho que desistiu. Como é bem sabido, eu, um mau aluno, especialmente quando o professor quer ensinar-me coisas que não quero aprender. Pena que o dito professor, voluntário, nunca tivesse feito comentário algum sobre o que eu escrevia. Concordo mesmo é com o Patativa do Assaré: "É melhor escrever errado a coisa certa do que escrever certo a coisa errada..."
Plantei árvores, tive filhos, escrevi livros, tenho muitos amigos e, sobretudo, gosto de brincar... Que mais posso desejar? Se eu pudesse viver novamente a minha vida, eu a viveria como a vivi porque estou feliz onde estou.
RUBEM ALVES